13/12/2010

Ossos Secos


 

Senhor quando penso na minha vida,
Vejo quanto tenho lhe desagradado
Meu voto esqueci,
Me sinto envergonhado.

Penso que Cristo morreu,
Pra salvar essa alma pecadora.
Alguém descomprometido como eu

Sinto o mau cheiro
Que exala deste sepulcro caiado
Senhor quero renascer
Tira de mim esse cômodo conforto
Desses ossos ressecados faz reviver
Traz a vida este que está morto

Desse soldado desarmado
Faz guerreiro triunfante
Um servo fiel no teu arado.

Rio de Janeiro, 13 de Dezembro de 2010.

Canção a Bíblia

No interior da prisão,
A morte é certa.
Mas tu musa de minha canção,
A todos liberta.


Em ti está todo o saber,
A consciência que me proporciona meu Senhor.
As palavras do viver,
Revelação do meu Salvador.


Em teus jardins me recreio,
Impor a espada anseio,
Na luta aberta.


Preparado em todo o momento,
Saciando-me do alimento.
Observando a mensagem e o alerta.

Rio de Janeiro, 1999.

08/12/2010

Informações ao combatente


"... Quanto ao mais,irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e se há algum louvor, nisso pensai. FP: 4.8"

A vitória não vem em vão,
Ela é fruto do suor e das lágrimas do que luta,
Do que se esforça,
Do que não desiste,
Mas segue de encontro a sua meta.
Aquele que erra é o mesmo que acerta.


A vitória não é uma mera bandeirada,
É uma busca incessante por dar o seu melhor,
Por fazer o melhor que suas mãos são capazes.

De repente as imagens não registrem os pódios que subirás,
As coroas de louro,
Que sobre a fronte terás.
Mas mesmo assim comemore as tuas glórias,
Deixe rolar as lágrimas que brotarão.

Vibre com cada momento,
Viva cada momento.
Pois só os campeões sabem desfrutar a tristeza e a alegria que a vida dá.

Rio de Janeiro, 03 de Dezembro de 2010.


Nota: Escrevi este texto a pedido de uma amiga de serviço de minha mãe, para um trabalho pedagógico. A propósito por motivos de força maior estive alguns meses em silêncio, mas isso é passado.

01/07/2010

Sentimento Nacional



Por puro acaso duas pessoas conversam. É manhã de uma quarta-feira, de um dia nublado, enquanto o trem esforçava-se em fazer seu percurso entre as estações de Campo Grande e Santíssimo.
A mulher, uma senhora de cabelos acentuadamente grisalhos, puxa assunto com um homem à sua frente. Fala sobre a copa do mundo expressava suas impressões sobre o jogo e em certo momento faz a pergunta letal.
- O Senhor torce pelo Brasil?
- Eu tô me lixando pro Brasil! Resmungou o homem de maneira vivaz, sem se preocupar se chamava a atenção dos demais passageiros para si.
A partir dessa insinuação os dois estabelecem um papo animoso, entretendo a platéia que se formava.
- O Brasil me deve. Até hoje não me pagou!
- Sabe minha senhora, sofri um acidente de trabalho. Eu era eletricista e tomei uma descarga. Não morri por um milagre! Fiquei quatro meses em coma. Sou todo costurado, tenho placa em tudo que é canto.
Sorrisos nasciam diante da expressão cômica com que aquele homem a si se referia. “Destilava” as injúrias das quais se julgava vítima. Esse homem – segundo suas palavras, tinha 51 anos – não parou por ai.
- Agora minha senhora, tô correndo atrás da imprensa. O INSS vai ter que pagar o que me deve de um jeito ou de outro... Tomou fôlego.
- A senhora acha que vou gastar meu dinheiro comprando tinta prá pintar rua? Mal ta dando prá comer. E tem mais, tenho vergonha de ser brasileiro...
As incessantes palavras levavam a senhora a pensar: Quantos brasileiros vivem a mesma ira? Quantos engolem a seco um mesmo incômodo?
Nas cenas editadas sempre há torcedores vestindo a camisa oficial da seleção, beijando o escudo a cada gol marcado. Organizam festas, como se tudo no país fosse motivo de alegria.
Percebe que não há espaço prá falar do que é feio, do que é indigno. E que sentimento produz a afirmativa de um governante, quando diz que o Brasil é um país de todos? – o prejudicado continua em segundo plano; seu clamor é plataforma eleitoral para o próximo ano.
O folclórico homem não pensava muito no que dizia. Mas de certo dava voz ao sentimento de muitos outros patrícios, que não assopram vuvuzelas e não habitam os mesmos estádios.
Em passos pausados, o trem chega a Central de um mesmo Brasil...

Rio de Janeiro, 23 de Junho de 2010.

24/06/2010

Dias Comuns - Uma crônica sobre a rotina.


Gostaria de ter uma inspiração arrebatadora que fizesse minha trêmula mão rascunhar palavras de maneira ansiosa. Seria muito bom ter contos notáveis para compartilhar, experiências emblemáticas, aventuras fantásticas que concedessem valor de atos meritórios.
Dias comuns são tudo o que tenho para relatar. Me recordo o que de heróico fiz: Vi o dia nascer e peguei um trem lotado. Trabalhei até o entardecer e cheguei em casa cansado. Se não fosse o bastante, ainda me pergunto como honrarei todos os meus compromissos financeiros, no fim do mês...
Possuo em minhas mãos uma rotina pacata. Gasto horas lendo jornal. Administro bem a tontura provocada pela maresia, mas não me privo de navegar na internet. Observo os botões que desabrocham, suas cores, suas formas... E sinto um estranho prazer em lavar louças.
De vez em quando penso na mesmice das pessoas ao meu redor, aonde o lugar comum pode ser um cotidiano de agressões, de abusos e humilhações. Violências e privações.
Por mais estranho que soe aos meus ouvidos, existem inúmeras pessoas vivendo essas adversidades. Já nem se perturbam mais, quando vivem um novo dia de angústia ao invés de paz.
Há no mundo uma parcela da humanidade que desconhece o significado de coisas simples, tais como: Encostar a cabeça no travesseiro e agradecer a Deus por mais um dia. Na vida de certas pessoas o incomum é tão natural que o sofrimento se torna coisa banal.

Rio de Janeiro 21 de Junho de 2010.